11.8.09

Eu sei de tudo!


À Deriva é um filme sobre a perda da inocência. Filipa (Laura Neiva em sua estréia como atriz depois de ser descoberta no Orkut) é uma garota de 14 anos que passa as férias de verão em Búzios com sua família e enquanto descobre sua própria sexualidade, testemunha o fim do relacionamento de seus pais depois de descobrir que seu pai (Vincent Cassel) está tendo um caso com a americana Ângela (Camilla Belle).
O diretor Heitor Dhalia (Nina, O Cheiro do Ralo) realiza um trabalho competente, mas sem mérito para destaque.
A imagem do filme é bem trabalhada e os tons amarelados empregados destacam ainda mais a beleza natural de Búzios ao contrastarem com o cinza das rochas. Mas convenhamos, conseguir belas imagens filmando em Búzios não é um mérito, é quase uma obrigação!
A ambientação (a história se passa no início dos anos 80) é bem realizada, com um bom trabalho de Direção de Arte e figurino.
A música de Antonio Pinto contribui muito para o clima do filme, especialmente porque os diálogos são poucos e a relevância das descobertas e sentimentos da protagonista Filipa são bem traduzidos na trilha sonora. Mas há alguns momentos que senti falta de um silêncio...
No entanto À Deriva sofre de um antigo problema do cinema nacional, algo que parecia já ter sido superado, o Som Direto. O som ambiente às vezes está alto demais, em muitos diálogos a dublagem fica evidente e há uma cena que tive a nítida impressão de alguém ter esbarrado no microfone.
No elenco o destaque é mesmo para a novata Laura Neiva, ela conseguiu com muita competência transmitir as emoções (por vezes conflitantes) que Filipa passa ao deixar a infância e ser forçada à vida adulta. Deborah Bloch, como sempre, é competente ao dar vida a Clarice, a mãe alcoólatra e extremamente infeliz com sua vida. Vincent Cassel tem uma certa dificuldade coma a entonação do português, mas seu Mathias é bem composto como um pai que ama sua família e teme perder o que tem, principalmente teme perder a relação que tem com sua filha mais velha, Filipa. Camilla Belle, apesar de sua importância para a trama, não passa de uma figurante glorificada, com apenas duas falas no filme (mas eu adoro o sotaque dela quando fala em português), assim como Cauã Raymond, mas ambos se saem bem em suas pontas.
À Deriva é tocante, mas falta muito para que se torne memorável.


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