29.8.08

Cebolinha é coisa do passado!!

Turma da Mônica Jovem é o novo lançamento da Editora Maurício de Sousa em parceria com a Panini Comics sob o selo Planet Manga. Espera aí! Eu disse Turma da Mônica e mangá na mesma frase? Por mais estranho que possa parecer, essa é a nova aposta de Maurício de Sousa para o futuro da turminha que é a cara dos quadrinhos nacionais.
E as mudanças não param por aí, a idéia toda é criar um novo conceito em gibi para um público um pouco mais velho que os leitores tradiconais da Turma. Voltado para adolescentes (ou talvez sejam pré-adolescentes, não sei) Turma da Mônica Jovem traz todos os personagens que conheçemos tão bem agora crescidos e com diversas mudanças além de seu visual, mudanças como o Cebolinha (que agora é simplesmente Cebola) não falar mais "elado", o Cascão tomar banho e a Magali controlar o que come para manter a boa forma e a saúde.
Já foram lançados o nº zero (que na verdade foi distribuído gratuitamente e contem poucas páginas apenas para revelar os personagens) e o nº 1 que é onde realmente começa a trama que moverá as primeiras edições da revista. Nota-se aqui outra mudança, haverão arcos narrativos que durarão diversas edições, que serão dividas em capítulos apresentando uma história contínua ao invés das histórias de cinco ou seis páginas que encontramos nos gibis tradicionais da Turma.
Ao ler a primeira edição é inevitável sentir um desconforto inicial ao ver ações perfeitamente naturais para um adolescente sendo retratadas por estes personagens (troféu Meu Deus! da edição: Cebolinha conferindo os peitos da Mônica). Mas ao passar este primeiro estágio de estranhamento você percebe que o Maurício de Sousa tem nas mãos um material com um enorme potencial, tem a chance de experimentar com uma outra linguagem de de abordar temas que não poderia com a turminha.
Mas aí chegamos ao capítulo dois deste nº 1. É aí que somos apresentados ao conflito principal desta primeira fase: a mística e poderosa Rainha Yuka foi libertada da pedra lunar pelo Poeira Negra (antes conhecido como Capitão Feio) e irá conquistar o mundo se não for impedida pela... Turma da Mônica, é claro. Não me entendam mal, eu sei que o estilo Mangá precisa ser justificado com uma história como essa, mas acho que pela falta de experiência nesta área o Maurício de Sousa deu uma derrapada na hora de construir os elementos da trama. Pra começar ele fez uma salada de frutas de referências, temos ninjas centenários reencarnados nos pais da turminha (o.O), espíritos protetores que serão os guias da aventura, cartas onde estão escritos feitiços
que se tornam realidade ao serem lançadas (geralmente usados para gerar monstros como dragões e monstros de areia), as dimensões paralelas e a busca por artefatos mágicos. E juro que li e reli e fiquei muito tempo pensando se aquilo tudo era para ser levado a sério, ou se era para ser encarado como mais uma sátira feita pela turminha (algo como foi Batmenino Eternamente e Horassic Park) e apesar de coisas como um dos artefatos ser chamado de "jóia genial" e a imagem de "na próxima edição..." ser um rip-off de Caverna do Dragão cheguei à conclusão que sim, é pra levar a sério, mas não como você levaria um mangá de verdade, não veja a possibilidade do Cascão perder um braço ao enfrentar um dragão, algo que é muito possível para personagens de mangás tradicionais.
Mas ao final de tudo posso dizer que gostei bastante da iniciativa e espero que o Maurício cumpra o que prometeu e continue lançando mensalmente a revista até pelo menos 2014 e tente encontrar uma nova identidade para o gibi (quer dizer, mangá!) e experimente outras possibilidades de histórias, talvez um pouco menos fantasiosas, ou talvez um pouco mais elaboradas, sei que eu gostaria muito de ver histórias simples sobre o dia a dia desta nova turma.

PS: Agora uma coisa que eu não consegui engolir ainda é chamar o Anjinho de Céuboy!!! Céuboy???? Sinto muito, mas Céuboy não dá... só não é pior que
Auréolakid, ou Menino-Asa! Teria sido uma ótima oportunidade para por exemplo revelar que o Anjinho teria um nome, um nome de anjo como Gabriel, Miguel, ou Rafael, mas mesmo assim um nome!!! Acho que seria muito mais legal e muito mais marcante.

25.7.08

I Believe In Harvey Dent

E Falando em Cavaleiro das Trevas...
O que mais impressiona no filme é o modo como passou de uma história de super-herói, que nós conhecemos bem, pra um thriller policial, quase um noir, como se o Batman tivesse dado o ar da graça em "L.A. Confidencial", sem mudar o foco do filme.
Faço meus os elogios ao filme feitos no post anterior. O filme é inovador, consegue elevar as histórias de super-heróis à um patamar diferente. Se a moda pegar, com certeza não haverá mais brigas com namoradas e mulheres para escolher qual filme assistir no cinema, sendo que boa parte das mulheres não costuma apreciar histórias de homens que voam, usam cueca por cima da calça, soltam teias pelas mãos ou mesmo tornam-se verdes, grandes e descontrolados quando irritados.
Concordo que o protagonista surge apagado no filme, mais que isso, chega a ser fraco o papel do herói, e parece que ele não se esforça muito pra mudar a situação. Chega a ser compreensível a falta de força do personagem, tendo em vista o papel do Coringa na trama, e o fato de Christian Bale ter representado 3 diferentes personagens no filme, mas é no mínimo condenável a voz rouca criada pelo ator para o herói.
Deixando um pouco de lado a presença do Coringa no filme (muito bem avaliada pelo meu colega de blog), o personagem mais importante da trama é Harvey Dent, o promotor de Gotham city que luta contra o crime utilizando os métodos convencionais, e como diz o título do post, realmente cheguei a acreditar nele, e o Sr. Bruce Wayne também, planejando uma futura aposentadoria dos seus deveres de vigilante. A crença no personagem atinge a todos, mesmo os que conhecem a história dos quadrinhos, querendo que ele consiga colocar Gotham nos eixos. Depois da morte de Rachel Dawes (Maggie Gyllenhaal), Harvey começa a questionar seus valores e é atormentado pelo vilão, vivido por Heath Ledger, até começar sua busca por vingança daqueles que o fizerem perder seu amor. Na minha (humilde) opinião, esse processo de mudança no personagem chega a ser um pouco acelerada, a chegada de Duas Caras talvez tenha sido um pouco precipitada, mas o vilão que ele se torna não é aquele convencional, nem de perto lembra o vivido por
Tommy Lee Jones no filme de 1995. O Duas Caras de Aaron Eckhart é um ser atormentado pela perda de sua amada, simplesmente em busca de vingança, sem compartilhar de nenhuma atração pelo crime com o Coringa, suas ações são resultados da dor que sente e não da vontade de destruir o Batman. Esses elementos fazem o Duas Caras mais humano, menos vilão, e não nos fazem lembrar daqueles personagens de
video-game que temos que matar no final de cada fase. Queria que ele tivesse vivido pra participar de um próximo filme, seria no mínimo interessante.
Depois de "Homem de Ferro", "Wall-E" e "Cavaleiro das Trevas" só me resta aguardar o "Hellboy" e para o ano que vem o "Watchmen" (ainda não vi "Hulk" e "Fim dos Tempos"), espero que a onda de bons filmes continue e assim possa ter muito o que comentar aqui. Claro que não vai ser só cinema o tema do blog, mas com certeza ele será recorrente.
Assista "O Cavaleiro das Trevas" e acredite em Harvey Dent, eu acreditei.

23.7.08

Why... so... serious?

Depois da estréia de "Batman - O Cavaleiro das Trevas", é impossível começar este blog falando sobre qualquer outro assunto.
Nem mesmo a perspectiva de uma nova lei já aprovada no Senado que irá restringir absurdamente o uso da internet (algo que iremos citar nos próximos posts) parece superar a grandiosidade deste novo filme do Morcego, ou melhor, este filme do Coringa.
Desde o primeiro instante em que aparece em cena o Coringa domina o filme e grande parte do crédito por isso é a atuação viceral do falecido Heath Ledger.
"O Cavaleiro das Trevas" nos apresenta o Batman vivendo em uma Gothan City passando por uma transformção provocada justamente por seu surgimento e como toda transformação esta é cercada por incertezas e medo. Neste cenário de uma sociedade perdida que vê Batman com um misto de esperança e desconfiança surgem duas figuras que em lados opostos da lei são os verdadeiros protagonistas deste filme.
De um lado Harvey Dent surge como o Cavaleiro Branco de Gothan, o promotor eleito, incorruptível, que está colocando na cadeia os principais criminosos da cidade, o que obviamente está irritando muita gente. Sua trajetória no filme, até se tornar o vilão Duas Caras é extremamente comovente e a atuação de Aaron Eckhart realmente mostra a transformação interna gradual do personagem.
Do outro lado surge o Coringa, cuja motivação é difícil de compreender logo de início, mas que é o catalisador para o desenrolar da história. Ledger conseguiu criar um Coringa psicologicamente complexo e extremamente assustador que é a força que move o filme. Cada gesto, cada entonação de voz, cada olhar, tudo foi meticulosamente desenvolvido por Ledger criando uma figura instável, agressiva e densa. Com carta branca concedida pelas duas grandes facções criminosas de Gotham para fazer o que for necessário para matar Batman, o Coringa tenta instituir a anarquia na cidade, jogando uns contra os outros e quebrando a pouca credibilidade que o Morcego tinha perante ao público e a própria polícia. Além disso ele demonstra um estranho prazer em quebrar a suposta moralidade inabalável de Harvey Dent. Mas o duelo entre o Coringa e o Batman se transforma em algo muito maior, é o confronto de duas idologias, é a pura dicotomia entre o bem e o mal, e a hipótese de que o bem o o mal se completam, que sem um o outro não existe, é muito bem explorada.
Mesmo com uma boa atuação de Christian Bale (com exceção à voz cavernosa do Batman) o protagonista do filme surge apagado diante de um elenco de peso extremamente competente que além dos já mencionados Ledger e Eckhart, ainda conta com Michael Caine como Alfred, Morgan Freeman como Lucius Fox, Maggie Gyllenhaal como Rachel Dawes e Gary Oldman brilhante como Comissário Gordon.
É um filme pesado e exaustivo, você sai do cinema em estado de choque, sem conseguir assimilar tudo que viu nas últimas duas horas e meia. E por isso mesmo vou encerrar este post aqui, preciso digerir melhor a experiência, este post inaugural é quase um desabafo, pois não dá para assistir a "O cavaleiro das Trevas" sem querer falar alguma coisa depois.